Bem, agora vou ter que escrever em papel mesmo, porque vou ficar sem internet, e devo aproveitar os dias com acesso nom textos prontos, para manter o blog minimamente atualizado. Então, aproveitando um momento raro em que eu não preciso fazer nada, tomo vergonha na cara e tento construir um texto com algumas idéias guardadas no celular. [obs.: meu celular nada tem ultra-moderno, só escrevo nas mensagens mesmo]
O primeiro é uma idéia simples, mas que coloca em cheque a questão do vegetarianismo, em algum ângulo.
Certo, eu não sou defensora da carne, até porque considero que é muito trabalhoso mastigar uma carnem e sua gordura tem textura de lesma [animal que tenho a mais profunda aversão], mas é apenas por isso que não como tanta carne, mesmo sendo gaúcha e apreciando o memento de um bom churrasco com a família e/ou amigos. Mas eu sou defensora da honestidade e defensora da lógica, mesmo que ela seja dura de acompanhar às vezes.
Os vegetarianos o são por motivos variados, dependendo da [maldita] vertente em que se está engajado, mas os que apóiam o não-carneanismo com o argumento de “pobres animaizinhos”, já estão quebrados, pois desde a sociedade de caça e coleta nós comemos carne, e isso não tem nada de macabro e é absolutamente normal na biologia r sua cadeia alimentar. Nosso organismo é apto a comer carne, e “se as vacas tivessem chance, elas comeriam você”. Só uma questão de extrema “sensibilidade” explicaria isso. Ah, não! Temos os anti-capitalistas [onde só esse termo me dá um nó na garganta e me crescem espinhos por todo o corpo]!
OK, não comeremos carne porque é produto de um capitalismo nocivo, explorador e, às vezes, nem dá tempo de a vaquinha ter felicidade na vida. E, além do mais, a soja é muito mais natural (?) e saudável!
Mas a soja, coitada! Ela também é obrigada a sofrer mutações genéticas para se tornar mais resistente para ser mais produzida para nosso consumo. E, pasmem nobres colegas vegans, ela é produto de um capitalismo intenso! [na verdade, você é o produto de um capitalismo intenso, mas deixa pra lá, vamos nos manter na lógica ilusória dos ditos “anti-capitalistas”]
Hoje, a soja é o produto mais exportado do Brasil, e as empresas que mais dominam as técnicas de cultivo, são as multinacionais. [e depois vêm me sacanear dizendo que cursar Geografia não serve pra nada, hum!]
Então, que justificativa moralmente nobre é essa de “eu não como carne porque sou anti-capitalista”, e vai ao supermercado, ou em lojas naturebas para manter o status, encher seu carrinho de compras com produtos a base de soja?
Isso sem nem ter considerado, também, a mentalidade discriminatória em dar mais valor a uma vaca do que a um “pé de soja”. É um pensamento nazista, veja só: porque a soja e não a vaca? A justificativa mais comum [da porção “coitadinha da vaca”] é pela soja ser “inanimada”, mesmo estando viva; os nazistas chamavam os deficientes físicos de “inválidos, improdutivos”. Algumas doenças e acidentes deixam o indivíduos afetado tetrapégico, deficiente, e, pasmem, muitas vezes se encontram em estado “vegetativo”, inanimados. Ou seja, nada justifica que a soja seja mais insignificante que a vaca, só o pensamento nazista.
Não estou aqui tentando “desmerecer” a opção de vida vegetariana. Como disse, não sou do “movimento pró-carne” e muito menos sou contra o vegetarianismo, só estou a favor da lógica e vivo na tentativa de abolir de minhas idéias e vida o máximo de hipocrisia possível, mesmo já tendo constatado que muitas hipocrisias e cinismos são indispensáveis nesse mundinho de hoje em dia. Respeito e honestidade são as palavras chaves para um mundo melhor.
Eu estava estudando Geografia Agrária quando constatei essa incrível semelhança entre a produção de soja e a pecuária comercial. Sinceramente, não sei de onde ou porquê me lembrei do vegetarianismo, e anotei no celular “vegetarianismo e a produção capitalista da soja: desmitificando uma das justificativas “nobres” do vegetarianismo”.
04/05/2009, 16:59h
Esse texto tem alguns requintes de ironia, ou talvez não seja essa a palavra que defina melhor o tom usado. Então, sem moralismos, por favor.