Quando anunciaram os preparativos pra Rio +20, gerou-se uma
mobilização de propagandas e manifestos, reportagens, etc. sobre o futuro do
planeta, alternativas sustentáveis de desenvolvimento e outros diálogos em
relação às propostas e resultados pós a Rio 92.
Hoje estamos vendo noticias de que a maioria dos governantes
mundiais estão transformando a conferencia em nojentas pizzas que acreditávamos
que somente a política brasileira era capaz de produzir. Aquele jogo de
empurra, valorizando o desenvolvimento ECONÔMICO e CONSUMISTA. Os países mais
pobres não querem “pagar a conta” da sustentabilidade e não poder gerar e gastar
dinheiro com padrões de vida vazios e consumistas, onde o objetivo de vida das
pessoas é somente adquirir bens. Muitas vezes, justamente bens que vão
totalmente contra a perspectiva de recuperação do meio ambiente que
necessitamos.
No caso brasileiro: esses dias eu estava vendo um terrível
programa de humor do canal mais popular do país, e uma “piada” me chamou
atenção: o programa abriu com uma personagem dizendo que o Brasil enche o peito
para dizer que tem riquezas naturais, que é referencia em pesquisas que visam a
sustentabilidade, mas o principal projeto do governo tem sido incentivar o
consumo de automóveis, reduzindo taxas e valorizando financiamentos.
No lugar disto,
deveria estar investindo em transporte público de qualidade, que fizessem a
população, que por décadas sonha com um carro confortável, considerar utilizar
o transporte coletivo, com maior frota, maior conforto e agilidade.
Investimento na mobilidade urbana, para que estes objetivos possam ser
alcançados. Espaço para as bicicletas, de fato, pois o que vejo são motoristas
reclamando da conduta dos ciclistas e ciclistas reclamando da falta de espaço. O
investimento na educação entra neste setor e em todos os outros da vida pública
e coletiva saudável.
No final das contas, são os governos e a mídia que inserem no
povo a necessidade de consumir e poluir. Não entendo de onde surgem hoje tantos
manifestantes atrás de melhora da saúde do planeta. Na verdade, o que mais vejo
no dia a dia são pessoas preocupadas com o seu particular. Mas se estão acontecendo
tantas manifestações, tantas críticas com a atitude dos políticos perante a
saúde do planeta, porque esse povo, de todo o mundo, hoje quando vê a palhaçada
dos documentos produzidos pela Rio +20, conduzidos pelos governantes dos países
mais poderosos do mundo, não se levantam nas urnas e dizem NÃO, com o
instrumento pacífico que possuem em mãos do voto, a esses sistemas políticos de
valorização do dinheiro, dos gastos, do consumo?
Por favor, deixemos de lado os discursos bonitos, os
compartilhamentos vazios no Facebook, e até as marchas sensacionalistas nas
ruas, e usemos de fato a democracia que temos para mudar, votar em outras
propostas, mas OUTRAS propostas MESMO, não aquilo que fizemos em 2002. Na
verdade, fomos ingênuos em 2002. Votamos em uma proposta dita revolucionária,
que valorizava a pessoa, o trabalhador, mas que 10 anos depois vemos que este
era apenas o pano de fundo para impulsionar as empresas, os EMPRESÁRIOS, a
indústria do consumo. O que melhorou para a classe pobre que subiu para a
classe média? Trabalha muito como sempre, a diferença é que agora elas têm um
carro novo, uma geladeira nova, um microondas. A saúde continua patética, a
educação continua desvalorizada e o humano e o coletivo, continua deixado pra
trás.
Se a democracia não funcionar, aí sim, vamos protestar e
coletivamente buscar reconstruir o mundo justo e saudável que merecemos. Nos
países onde não existe democracia, muitos já fizeram e estão fazendo isto,
lutando pela sua vontade.
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