sexta-feira, 27 de junho de 2008

Falta de respeito.

Desde o infantil "falar de boca cheia" à ignorância pessoal. Falta de respeito é algo que temos de engolir todos os dias, o dia inteiro. Estamos tão impregnados com a falta de respeito e a sua arma de combate, o cinismo, que nosso cotidiano acaba se transformando num verdadeiro depósito de sutis humilhações, que dentro de nossa memória se transfiguram a um ódio reprimido horrível, que nos consome e nos resume ao automático, ao maquinal.
Às vezes, você está tomando café da manhã, e percebe o quão amarguradas são as pessoas à sua volta, e acaba revelando sua própria amargura pra si mesmo. Tantos tentam te ajudar, tentam te mostrar como ser uma pessoa melhor, mas não são pessoas boas pra elas mesmas. Não respeitam suas prórpias vontandes, não conseguem transpor obrigações ruins em afazeres "aturáveis", não conseguem ver os outros com sanidade humana.
Perdemos a humanidade. Nos preocupamos tanto em criar máquinas para nos poupar trabalho, que acabamos por nos tornar coisas as quais demos humanidade. Podemos mascarar as verdades, mascarar as dores e reprimir o ódio, sermos automático. Mas ainda temos cérebro pensante. Ainda temos um conjunto de ligações, alterações e experiências que compôem a nossa inteligência e nossos sentimentos, por mais interiores que eles têm ficado. E essa característica unicamente humana, por vezes transborda a um ponto que não conseguimos mantê-la escondida, manter escondidas as frustrações, e pequenos traços insignificantes dos que estão à nossa voltam, tornam-se insuportáveis, tornam-se profundamente errôneos para nós. Então, surge uma discussão, uma briga, uma morte. Você, por breves e lúcidos minutos, percebe o quanto somos bestas, artificiais, e moldados. Moldados pelo tempo, moldados pelas circunstâncias. E nesses breves minutos, tenta por expor todas as coisas que não são compatíveis a você, ou o que você não gostaria de ser. Mas a enxurrada de opressões e dores, não deixam você se expressar como deveria, e as pessoas a sua volta ficam chocadas, e acabam, como sempre, colocando a culpa no de fora, no stress. É muito fácil colocar a culpa, ou as esperanças, no que está fora. Você mesmo acaba por concluir que (mulher) está na TPM ou (homem/mulher) o dia foi ruim no trabalho, e automaticamente, as coisas voltam a ser como antes.
Mas será mesmo apenas a atividade hormonal feminina, ou só a atividade comum de trabalhar? Não, não é. É a forma com que a vida é levada. A forma com que as pessoas tratam umas as outras e a si mesmas. Pequenas atitudes, egocentrismo irredutível, e mais uma série de massantes desrespeitos agrupados em nossas engrenagens, tão apertados, que só o que se consegue fazer é adaptar a máquina a trabalhar com mais uma peça. Deixamos nosso corpo e mente ser invadidos todos os dias por peças inúteis que só sobrecarregam nosso sistema operacional.
Tudo isso pode parecer egocentrismo, e em partes realmente é, mas tenho certeza que todos já tiveram esse tipo de sensação, de que tudo está errado, de que todos estão errados e ninguém vê o furúnculo infeccionado se proliferando. Só que a nossa maldita máquina tem peso demais para ter tempo de consertar esse problema. Nossos remédios tem doenças demais para curar, para se preocupar com o câncer que governa nossas vidas. O egocentrismo pode vir da causa desse texto, pode vir da minha experiência em particular, que talvez tenha sido usado um sentimento exagerado para expressá-la aqui. Realmente, em algumas circunstâncias, as pessoas não têm culpa, eu nunca avisei a elas que me sentia mal com certo fato. Por que não avisei? Porque o "se sentir mal" é colocado na máquina e ela passa a trabalhar com ele, sem se preocupar se vale à pena ter mais uma peça pra conviver. O egocentrismo está aí, mas ao mesmo tempo, expressar a dor reprimida pode ser, e é, um mecanismo coletivo, social. Quando colocamos nossas diferenças na mesa, todos nós podemos ver onde dá pra ajudar e se ajudar. Mas isso não acontece. Não acontece porque nós achamos que é apenas o stress.
Mas a gente estoura. Todos nós transbordamos. Mas depois de trasbordar, o balde acaba tendo volume pra mais um pouco de repressão dos sentidos, e assim a vida segue.
Você, com a mais absoluta certeza, já se pegou com o coração amassado, não sabendo para onde correr e para quê correr, talvez chorou agonizadamente, talvez jogou uma almofada na porta, de alguma forma extravasou suas frustrações em alguma coisa, sem realmente saber que eram frustrações ou porquê elas existiam. Pense mais nisso. Certamente não vai salvar a humanidade, mas pode ajudar você a compreender que as pessoas não são mal-educadas porque te odeiam, mas sim porque mal sabem o significado de vida que a palavra "respeito" tem.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Rise and Fall, Rage and Grace.

Bom, como faz muito tempo que não escrevo algo diferente e com estrutura aqui, resolvi falar do novo CD do Offspring, minha banda favorita desde 2003. O lançamento oficial é dia 17 de junho, mas, com a internet e a pirataria, as músicas já estão acessíveis.

Depois do lançamento do single "Hammerhead" (4), criei uma boa expectativa para o CD. Uma música veloz, pesada, com toda a essência fundamental do Offspring.

Mais adiante, seguiram-se no Youtube trechos ao vivo de "Half-Truism" (1), e me assustou. Essa música abre o cd, mas gravada, não é tão assustadora quanto no vídeo de máqualidade do site Youtube. O som começa pesado, quando você acha que vai engrenar, surge uma melodia "chorona" no refrão, que só se consegue não desligar o som, porque o resto da música é veloz.

"Trust in You" (2) é a melhor do cd, parece um plágio da própria Smash, mas tem elementos mais maduros, é enérgica e com passagens marcantes.

"You're Gonna Go Far, Kid" (3), começa parecendo um baladinha quase dance, mas nem assusta, porque em seguida se percebe o propósito da canção. É um hit que gruda na cabeça, mas não é tão comercial como os hits que costumam tocar nas rádios. Uma das melhores.

"A Lot Like Me" (5) é o som diferente melhor no cd. Começa numa mistura de Helloween com Coldplay, com piano e som pesado, achei que não seria algo que me agradasse, mas lá pelo 2º minuto melhora muito. É um som mais melódico, mas apresenta elementos essensciais que me fizeram gostar de Offspring, como o vocal forte e inconfundível do Dexter Holland, e as sacadas de backing vocals.

"Takes Me Nowhere" (6) traz um traço de Smash que a banda precisava a um bom tempo. Claro, bem equipado com sonoridade inovada, e mais uma vez, com backing vocals que grudam na cabeça.

"Kristy, Are You Doing OK?" (7). Aí a coisa começa a desendar. Não sou boa conhecedora de Green Day, e nem ouvi o American Idiot por inteiro. Mas não confunda, o comentário a seguir não tem influência alheia. Qualquer um que ouvisse "Wake me Up When September Ends" veria que o Offspring tentou lançar nessa música o mesmo sucesso que o GD alcançou com sua baladinha. Mas sucesso não é sinônimo de qualidade nos dias de hoje. Essa faixa só vai ter como consequência trazer "fãs" novos aos shows. Tenho um desejo íntimo de que eles se decepcionem, que o Offspring não esqueça suas raízes e essência.

"Nothigtown" (8) tem um ar de "American Pie". Não é uma música ruim, mas como o "American Pie", é repetitiva e acaba enchendo o saco lá pela quarta ouvida.
"Stuff Is Messed Up" (9) é a mais Rock and Roll do CD. Parece AC/DC, coisas do gênero. A banda se superou muito nessa música, apesar de eu ter visto comentários desgostosos pelos orkuts da vida. É animada.

"Fix You" (10), lamento informar, mas só ouvi, com muito esforço, uma vez. Muitos dizem que é "surpreendente" ver o Offspring gravando uma música lenta. Mas como o sucesso, surpreender não é necessariamente um sinal bom. Ela tem lá seus atrativos, mas não pra mim. E mais, até a voz do meu ovacionado Dexter soa intragável aos meus ouvidos.

"Let's Hear it For Rock Botton" (11) é aquele reggaezinho que já virou tradição nos cd's. Eu, particularmente, não acho esse tipo de alteração ruim. Dá um traço "ska" no cd.

"Rise and Fall" (12) surge pra encerrar o cd com um ar Ramones. Quando ouvi a primeira vez, gostei muito. Mas acho que depois da cinco anteriores, não precisava muita coisa pra me deixar feliz. Mas mesmo assim, é boa, traz traços "offspringuianos" ainda diferentes dos que já tinham sido demonstrados no cd.

Não se pode dizer que é um cd ruim. Sem dúvida, é muito variado. Traz de volta momentos aclamados pelos fãs, como os toques de "Smash", preserva toda a evolução adquirida pela banda em seus trabalhos anteriores e mostra um lado novo do Offspring. Esse lado novo é o que têm me causado receio. São evoluções extremamente boas na sonoridade, no arranjo, mas entre essas novidades, tem tambem assustadora necessidade de se enquadrar no mercado. Muitos fãs acharam essas baladas "lindas, divinas", mas eu vejo um lado negro. Espero que esse lado negro não ofusque o brilho da coroa do Offspring, espero que seja apenas uma estratégia. Mas no todo, não me assusta tanto quanto poderia assustar, já que as letras continuam impactantes, protestantes e tudo mais que faz o Offspring ser respeitado por muitos "conservadores", mesmo alcançando o sucesso que alcançou como no Americana.


Deixo claro aqui que não tenho nenhuma base musical pra constatar o trabalho ou a opinião de ninguém. Esse texto, apenas expressa a minha idéia, como fã, do novo álbum do The Offspring, com base nos elementos que me fizeram admirar e me prender tanto a essa banda, que foram esquecidos ou resgatados nesse CD. (mas eu prefiro o Splinter selecionaaquirere!)






Ah, ninguém vai entrar aqui pra ler mesmo!
bgosmeligaokzz
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