domingo, 27 de dezembro de 2009

Por que ser agnóstica?



Eu sofro de Transtorno de Ansiedade Generalizado, é quando a ansiedade (sensação normal em todo ser humano) se transforma em sintomas físicos, e pode atrapalhar e muito a tua vida, porque tu não consegues controlar tuas sensações e pensamentos, que geralmente são desesperadores. Pois bem, faço meu tratamento, e já me recuperei magnificamente uma vez, mas faz mais de um ano que as sensações voltaram a me incomodar. E já que estou a mais de um ano fodida com isso, fico maquinando algo que eu possa fazer extra ao tratamento psicológico, como comecei a jogar vôlei um tempo, mas machuquei o dedão e parei; fui procurar Yoga, mas 160 reais por mês só pra aprender a alongar e respirar direito, minha situação financeira não permite, e acho que mesmo que permitisse, eu não pagaria esse absurdo. Então, discutindo as possibilidades com meu pai e minha madrasta, eles me disseram “eu acho que devias procurar um apoio religioso”. Eu tentei argumentar normalmente, até que eles insistiram muito que as sessões espíritas estavam “curando” o braço de minha madrasta, e eu disse “mas eu não acredito em deus”.
Eles ficaram pasmos, disseram que não entendiam como eu conseguia viver sem acreditar em um deus, mesmo que interior (meu pai diz que “deus está na gente”, mas quando eu digo que isso se chama “auto-estima” e “autoconfiança”, ele diz que não é isso; minha madrasta é de umbanda, eu acho, mas tem ido a um centro espírita), que não entendem como eu posso considerar que ter religião ou acreditar em um deus não é bom. Bem, eu não dei meus motivos, porque gosto muito deles, e não quero que eles me vejam como alguém que “ta fodida porque não é crente e ponto final”.
Mas se eles estivessem no meu lugar e tivessem vivido minha vida, também sentiriam o quanto é mais sensato não crer em espíritos e interferências divinas ou demoníacas. Não que eu tenha tido uma vida sofrida, sempre tive tudo que precisei, tive muito amor e pai, mãe e irmão maravilhosos, mesmo com seus defeitos. Nunca vivi nenhuma tragédia (exceto a morte de meu cachorro, que foi a gota d’água para os meus transtornos) e nunca sofri com perigos. Só que atravessei uns 15 anos da minha vida sem conseguir dormir sozinha, sem conseguir ficar no escuro em um local. E não foi só na infância, que toda criança tem medinhos e acorda de noite com medo de monstros de baixo da cama e vai correr dormir com os pais.
Eu tinha medo de espíritos. Minhas amigas todas viam filmes como “O Exorcista”, e eu detestava ver. Antes mesmo desses filmes eu já era “cagada” com essas coisas. Quando eu tinha 15 anos, namorava com um rapaz e era um pavor quando ele ia embora, porque já era noite: então, eu fechava a porta de casa, respirava fundo, desligava a televisão, e saía correndo desesperada para o meu quarto e acendia a luz. Com 17 anos, eu ainda ia para a cama da minha mãe porque eu tinha medo de ver alguma coisa, de sentir alguma coisa, e de morrer subitamente. Até que eu descobri que não precisava acreditar. Que não haviam regras que me obrigassem a isso, e que, pensando racionalmente, nunca tive nenhuma ínfima prova de que essas coisas realmente existissem: era um medo irracional.
Então, entrei para o curso de Geografia na FURG, e estudando a ciência e a filosofia, descobri que o tudo não existe sem o nada, que o branco não existe sem o preto, que o Grêmio não existe sem o Inter, e que o bem não existe sem o mal. Ora, se não havia porque eu acreditar no mal, em espíritos possuidores, porque nunca tive contato com um, também não fazia sentido acreditar no bem, em um ser superior que julgue o que mereço ou não na vida, e que protege os que merecem e pune os pecadores. Afinal, o que é pecado? Também descobri que a verdade é relativa, e o que pode ser correto pra ti, pode não ser correto para mim, e não precisamos nos odiar e nos matar por isso.
Pois agora, sofro de transtornos que realmente são difíceis de serem superados sem apoio psicológico, e a religião é um eficiente apoio psicológico, porque acreditas que tem alguém do teu lado, que conhece teus sofrimentos, e que uma hora vai te tirar dessa, e tu rezas e pede para que ele te ajude, vira para o lado e dorme tranqüila porque fez a sua parte em “interceder”. Vai a missas e cultos como maneira de “adoração”, porque se você não adorar ele, você não vai merecer a felicidade.
Ora, eu não quero curar um transtorno psicológico com outro! Não quero me libertar de pensamentos e sensações que não são minhas, para me restringir a adorar um ser supremo que nunca me deu motivos para acreditar nele. Afinal, desde que eu tinha 5 anos e peguei dinheiro da minha mãe pra comprar balas, e ela descobriu e comeu todas minhas balas, eu sempre me esforcei o máximo para ser uma pessoa justa e honesta, e inúmeras vezes me ferrei “legal” por não ter “jogo de cintura”, por não mentir e por assumir minhas responsabilidades, mesmo que outros muitas vezes se aproveitassem disso para jogar suas responsabilidades em mim. Sempre fui uma pessoa justa e carinhosa com as pessoas que amo e me amam, que pecado tão imperdoável cometi para estar sofrendo desses transtornos? Não acreditar em deus? Mas se ele é tão egoísta assim, que acha que só quem merece os “louros da vitória” é quem paga dízimo e é “temente” a ele, prefiro viver sem ele.
Então, mesmo que seja um caminho mais difícil do que acreditar em um ser supremo, vou buscar minha recuperação na minha vida sem medo de espíritos possuidores, e castigos que não mereço. Vou fazer por merecer por mim mesma e pelos meus esforços (mesmo que às vezes me canse e pense em desistir de tudo). Afinal, a vida não passa disso: de superação, de sobrevivência e de resistência.
Não digo que sou ateísta, primeiro porque todo mundo te condena, e tu não tens a oportunidade de mostrar pra alguns que és mais merecedora e confiável que muitos “crentes”. Pode chamar isso de medo e covardia, mas a vida não é muita coisa sem interação social, e só porque as pessoas são diferentes de ti, não significa que elas não sejam dignas e legais (afinal, tenho um amigo carioca, fã de Backstreet Boys, e um namorado Gremista fanático), mas esses dias quando saí com uma camisa do Bad Religion com uma cruz e um sinal de negativa, as pessoas não desgrudavam os olhos de mim, meio pasmas, e eu já chamo atenção por ser grande, fiquei incomodada, mas continuarei usando, só evito de ir na casa do meu pai e dos meus “sogros” assim, pra não ofender, de alguma maneira irracional, a crença deles.
Segundo, porque de fato, não me incomoda o fato de pessoas crerem em deuses, e pelo que “convivi” na internet, para ser ateu você precisa odiar crentes e odiar “o deus que não existe”. Não me incomoda, até o ponto em que estas pessoas resolvem me incomodar. Sempre tento ser assim, não julgar os outros, até que eles resolvem me julgar, e aí sofrem as conseqüências (quando consigo controlar minhas emoções e falar sem perder a razão).
Considerar-me agnóstica não é querer ficar imune ao um “possível julgamento divino, caso ele exista”, ou ficar em cima do muro; é a postura mais saudável que encontrei para não contradizer meus princípios, minha lógica e não cair na besteira de viver a vida por um deus (porque ateus geralmente vivem a vida por um deus, tentando provar que ele não existe e tentando provar que têm a razão absoluta, mas centram seus pensamentos nele, assim como crentes que vivem a vida louvando, agregando responsabilidades a um deus).
Enfim, como digo, nem todos são iguais, e cada um é como quer ser, e eu não estou aqui para julgar o certo e o errado, desde que ninguém levante o dedo para criticar as minhas convicções. Assim, se tu estás contente com a vida que leva, continue levando. Minha vida é de questionamentos e busca por justiça e honestidade; como qualquer ser humano, às vezes falho, às vezes me contradigo, mas NÃO atire a primeira pedra quem nunca passou por isso. Não julgue os outros pelo que tu és. Me dói nos nervos ver as pessoas se enganando quando dizem “ah, mas essa pessoa deve ser boa, porque é de família religiosa”. É por essas e outras que o Brasil é a merda que é, porque as pessoas pré-julgam as outras com critérios duvidosos e relativos. Na hora de votar num candidato publicamente desonesto, não param pra ver o que ele fez de bom ou de mal, só caem no seu discurso vazio, cheio de palavras bonitas e falsas convicções.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O único consolo é escrever.

Não é nenhum texto pensado.
Sabe quando a gente se decepciona com as coisas?
Eu estou numa fase em que quase tuido resulta em decepção. Aí, uma coisa mínima te deixa na fossa: tirar 2,9 de 4 em um trabalho.
Sabe quando a gente se esforça em tudo? Se esforça em ser justo, em ser correto?
A gente não deve esperar isso de todo mundo.
No trabalho, eu cumpro meus horários direitinho, chego da FURG 23h da noite e no outro dia as 8h já tô lá, cumprindo o meu papel. A gente não deve julgar os outros, e eu procuro não julgar. Até a hora que resolvem meter a colher no meu mingau.
Na bolsa, não faço as coisas mais pesadas, como o Bruno que se matou fazendo a arte, mas me esforço no que me é destinado, e as pessoas não te dão um voto de confiança, não param um minuto para considerar tua opinião, e te tratam com docinhos quando precisam de ti, e depois te expoem vergonhosamente quando querem mostrar autoridade. É decepcionante esperares uma coisa de uma pessoa, que todos a volta acreditam ser uma coisa, e transparece ser uma coisa, mas ela te apresenta a pior realidade que pode haver: as duas caras.
No trabalho que tirei 2,9 de 4, de repente eu não tenha me saído bem mesmo. Mas com tudo que te cerca, tu acabas achando que tudo conspira contra ti, e todo mundo te odeia.
Além disso, me esforço comigo mesma pra vencer inúmeros desafios que sem eu mesma eles não existiriam, e ainda assim eles insistem em não serem vencidos pela minha persistência.
Tá tudo cansativo nesse fim de ano, e tento me consolar que ele está acabando e que as férias (da FURG) estão chegando. Mas ao mesmo tempo que tento me consolar com isso, me desespero com a pesrpectiva de que se as coisas não melhorarem com o fim do ano, vou cair mais fundo ainda no poço que me arrasto com todas as forças para sair.
[depressão mode on]
Ah, mas apesar disso, fico feliz de saber que não morri totalmente virtualmente, e que existam pessoas lendo as coisas que escrevo, e lamento não ter internet nem tempo de apreciar assuntos que outros blogs podem oferecer!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Rápido

Estou numa correria estressante na faculdade, e não sobre tempo pra escrever, quanto mais pra entrar na internet com tempo.
Mas assim que terminar as aulas, escreverei sobre algumas idéias que andei tendo. Isso seu eu ainda lembrar dessas ideias!

Abraço!
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