sábado, 1 de agosto de 2009

Postagem pessoal (?)

Hoje eu estava olhando fotos (nossa, como está difícil escrever com esse frio de 0°C que faz hoje). Eu devia estar estudando, mas eu tinha algumas coisas para pensar.
Como se adaptar com as mudanças? Eu não tinha esse problema quando tinha 4, 6, 9, até 14 anos, por que agora? Olhando registros de diversas fases da minha vida, percebo que fui mais gordinha, mais magrinha, mais loirinha, mais dentuça, bem mais bonitinha, mas também já estive mais feia, e por que hoje, aos 20 anos, tenho tanta dificuldade em aceitar as mudanças?
Já tive coleguinhas de infância, amiga de infância, já cheguei a nem e preocupar tanto com amizades. Já mudei de bairro, meus pais já se separaram, já tive boas amigas, que foram boas companhias. Tive uma casa de madeira, pequena e muito ajeitadinha. Hoje moro numa casa de alvenaria, um pouco maior, com móveis mais novos que os de antigamente, mas ela está, ou parece, sempre vazia.
Eu, quando tento assimilar tudo o que se passa comigo e em mim, me sinto ao mesmo tempo lotada e vazia. Lotada, porque tenho coisas, compromissos, sensações e decisões para assimilar, e vazia por não conseguir assimila-los.
Por vezes, me sinto sozinha, sem amigos. Meus amigos todos mudaram, se mudaram, se transformaram. Não parecem ter tido s mesmos problemas que eu para passar de fase, e fico feliz por eles. Mas acabei ficando sem eles, e também não sei se a companhia deles hoje me faria tão bem quanto já fez. Mas hoje, vendo fotos, me pergunto: por que não se consolar em ter tido amigos, que fizeram bem no tempo em que foram meus amigos? Por que insisto em me prender a rancores ou a questões como “por que não é mais assim”? Sabe, me irrita essa trava de achar que não sou capaz de construir alguma coisa a partir de hoje. “Construir amizades não é tão difícil”, se pensa quando percebo quantos amigos já passara, e já se foram, e vieram outros, em cada ano de minha vida.
A questão, é que quanto mais a gente cresce e a gente aprende, mais difícil ficam as relações. Mas, novamente, caio no fato de que as pessoas adultas à minha volta têm amigos e relações. Não só amizades que perduram do colegial, mas amizades novas e tão satisfatórias quanto as minhas foram, na época em que eu julgava ser mais fácil ter relações.
Hoje, minha psicóloga (é, a adolescente de 20 anos aqui, precisa de uma para tentar passar de fase) disse que meu problema estava em ver sempre as dificuldades, em tudo. Bem, várias pessoas já me disseram isso, mas a solução não está simplesmente em constatar isso. É preciso encontrar meios para assimilar o meu ponto de vista das coisas com a realidade, e este é um caminho difícil de traçar. Não é difícil quando não se perde o rumo. Não era difícil nos meus 12 ou 14 anos, porque tudo era justificado pela adolescência, e a gente não precisava se preocupar com a vida, com o futuro; as conseqüências dos nossos atos não eram nem cogitadas.
É difícil encontrar esse caminho de assimilações quando se perde o rumo, e quando se tem consciência de que a vida precisa de um rumo. E precisa sim, porque é inevitável fugir da evolução da espécie, tanto biológica quanto psicológica, social e moral, e quando intrinsecamente se precisa de um rumo, perder ele, ou tomar consciência de que não se tem um, embaralha toda nossa razão de viver.
Mas é essencial procurar, até encontrar, um caminho, ao menos para buscar um rumo. Olhando minhas fotos hoje, percebo que um dos passos nessa busca é olhar para o passado com carinho e com esperança, e não com rancor por tudo hoje estar diferente; não olhar com rancor por não ser mais daquele jeito, ou com o pensamento de que “tudo se foi”. Tudo se foi, mas tudo existiu, e tudo pode existir (nem tudo). Os amigos que se foram (ou porque não são mais os mesmos, ou porque tomaram caminhos diferentes) não são uma época a se esquecer, são uma época para se seguir o exemplo, independente de que rumo a vida de cada um tome depois.
Para o leitor, troque todos os verbos e pronomes em primeira pessoa do singular para o plural, que o texto poderá fazer sentido para você também.
24 de julho de 2009; 20h47min.

Agora digitando, comecei a achar que esse texto é “romântico” demais, como diria um professor que tive. Mas por outro lado, que esperança se pode ter na vida sem um pouco de sonho?
30 de julho de 2009; 12h16min.

Um comentário:

Joyce Abrantes disse...

Joy A. disse...

Sabe, como tu mesmo disse, esse texto fez muito sentido para mim.
Há um tempo atrás, eu meio que me sentia "insatisfeita" com a vida porque as coisas que eu gostava tinham mudado. Eu passava horas do meu dia pensando: "Ah, porque mudou? Era tão bom!" Eu acabava me entristecendo com o presente por não me adaptar as mudanças do passado. Depois de um tempo, eu vi que essa frustração era inútil, porque eu perdia de "viver" o presente, imaginando o passado, desejando tê-lo de volta. Mas é a vida, sabe? As coisas mudam. (Não sei se posso chamar o teu sentimento de "frustração", mas era o que eu sentia em relação ao meu presente - eu não conseguia gostar do agora porque eu gostava do que eu já não tinha mais).

Mas eu sempre relacionei adaptação com maturidade. Assim como a aceitação. Aquela parte que tu falas dos relacionamentos, o quanto é dificil mantê-los conforme a idade aumenta. É verdade, quando a gente tem 5 anos não nos preocupamos com o "certo e errado", muito menos ficamos fascinados com o segredo para os bons relacionamentos.
Eu não tenho uma rede de amigos muito grande para poder falar algo concreto, mas eu acho que os bons relacionamentos são construídos em cima da aceitação, com base no "eu aceito você!". Deve ser por isso que algumas relações são tão díficeis de se manter, porque uma das partes não "aceita" a outra, consciente ou inconscientemente.

é olhar para o passado com carinho e com esperança, e não com rancor por tudo hoje estar diferente;
Eu gostei muito disso. Acho que é assim mesmo. Ter carinho pelo passado mas não ter rancor. De um tempo para cá, eu comecei a acreditar que, se as coisas nunca mudassem, tudo ia ser muito chato (acho que fiquei muito otimista, também). Mas para pra analisar uma coisa: de repente, daqui a uns anos, tu vai olhar uma foto de hoje e pensar: "Aquela época era tão boa..."

Ah, e quanto a psicóloga, nem te esquenta: eu, com 17 anos, já frequentei psiquiatra (dito cujo que me mandou esfaqueá-lo, mas isso é uma looonga história! OHAEOUHAEOUAHE).

Beijão!

p.S.: eu demonstrei minha presença! :D
p.S.²: esse comentário fico umuito grande, então não liga se eu falar alguma bobagem. quando eu falo demais, 90% é besteira. :P

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