sábado, 20 de setembro de 2008

Céu, sol, sul...

Bom, eu não sou uma pessoa inteirada, intelectualizada e aprofundada nem na ciência que escolhi lecionar daqui a três anos, então o que digo é uma mera constatação empirista dos fatos que acontecem em torno de mim e do mundo.
Hoje é a data comemorativa da Revolução Farroupilha. O que eu sei historicamente sobre isso é que não deu em nada. Não digo que seja pior que o dia da Independência do Brasil, porque esta (ou "essa", nunca soube direito como me referir ao sujeito mais próximo na frase) além de não ter muita simbologia ligada propriamente à independência, ainda por cimo não teve nada de luta, busca por um ideal.
O que sei, é que a Revolução se deu primeiramente por motivos econômicos e políticos, que nos deram uma independência de alguns anos (não sei dizer quanto, ou se foram apenas meses), e uma profunda reverência à cultura gaúcha.
Por que isso se dá tão intensamente na Semana Farroupilha? Talvez seja porque nos sentimos destacados do resto do Brasil por ter garra, por lutar bravamente para alcançar um objetivo. Não interessa que origem tenha esse objetivo e, parece-me que esqueceram os tradicionalistas, que não teve continuidade.
Abrindo mão da parte histórico-política desta data, me sinto mais gaúcha nesta época. Porque as tradições são mais explicitadas, porque vamos "aparecer" para o resto do país se exibindo da nossa cultura rica e centrada. Por, no fundo, acreditar-mos que somos mais que os paulistas, os cariocas, que levam tão maior importância no cenário político, econômico e mundial. Para esfregar-mos na cara dos cariocas "marrentos" que nossa cultura e nosso passado não se resume à boemia e à praia, mostrar para os paulistas que o nosso maior movimento de manifestação não é uma parada gay de mais de 1 milhão de pessoas.
No fundo, a evidência tão grande à nossa cultura serve para expurgarmos o sentimento de exclusão e separação que não depende de termos ou não quisto a independência em 1845.
Mas e o amor pelo Rio Grande do Sul? É o mesmo amor que o carioca tem pelo Rio de Janeiro, que o baiano tem da Bahia, e alguns não têm. Eu sinto orgulho pelo meu estado, mas me sinto frustrada de ter de sentir orgulho pelo passado e não ter nada digno de orgulho no presente. E mais ou menos como acontece na minha cidade, onde todos cultuam os prédios históricos, onde todos possuem um apego exacerbado ao passado e não começam a trabalhar para transformar o futuro, para melhorar o presente decadente. Não é só de cultura que vive o homem.
Eu gostaria tanto de não sentir remorso ao mesmo tempo que sinto orgulho no dia 20 de setembro. Eu gostaria tanto de olhar para a cultura riquissima do meu estado e me sentir grande, imensamente maior que outros estados, sem saber que na verdade isso tudo é uma máscara que nós mesmos usamos para ofuscar o presente. Eu gostaria tanto de enxergar o progresso junto com o amor à cultura ressalvada.
O que se tira de tudo isso? Eu não vou tirar meu amor, meu orgulho e minha vontade de sentir amor e orgulho. Eu vou mesmo demonstrar orgulho pelo meu passado. Afinal, se não honrarmos este, o que teremos para glorificar? A política? A educação? A economia? Tsc tsc...
"Onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor" - Contraditório.

Um comentário:

Fe. disse...

bem interessante Débs
fui ai faz pouco tempo, e vi que se o paulista, carioca ou qualquer outro não ve outras pessoas tendo orgulho da sua terra ele nunca vai pensar nisso, acho que isso da onde nasceu é bem legal, mas acho que existe seus limites, gostei da sua opinião, pois muita vezes o orgulho se torna cego , ja vi muito gaucho orgulhoso demais pro meu gosto.

Claro, existe as suas exceções ;]

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